Sempre gostei de tomar iogurte e recomendá-lo para meus pacientes. Ajuda no funcionamento do intestino, faz bem para o sistema imunológico, é uma excelente fonte de cálcio e proteínas, sacia a fome, é um lanche prático no meio do dia, tem uma digestão mais fácil que o leite por conter menos lactose, e vai muito bem com frutas, granola, aveia e até mesmo com pepino, azeite e limão, à moda árabe.

Só que quando comecei a ler atentamente a lista de ingredientes dos iogurtes no supermercado, percebi que a imensa maioria continha muito mais coisa do que apenas “leite e fermento lácteo”, os ingredientes básicos para fazer qualquer iogurte. Você já leu a lista de ingredientes dos iogurtes que costuma comprar?

Por exemplo, em muitos iogurtes com sabor frutas imaginamos que dentro haja a tal fruta. Afinal, um original e puro iogurte de morango deveria ter: leite, morango e fermento lácteo. Mas morango de verdade é um ingrediente caro… Além da fruta, entendo que para agradar os paladares mais doces, muitos iogurtes são adoçados e assim contém açúcar (ou adoçantes nas versões diet). Infelizmente, muitas vez em quantidade excessiva…

Mas, além de leite, fermento lácteo, fruta, açúcar/adoçante, o quê mais precisaria ter um iogurte? Veja a lista de ingredientes de dois exemplos de iogurtes de marcas líderes de venda no supermercado:

Qualquer alimento com uma lista de ingredientes assim é um alimento classificado como ultra-processado. Pela recomendação do Ministério da Saúde, deve ser evitado na nossa alimentação!

De fato, um iogurte com apenas ‘leite e fermento lácteo” e fruta de verdade é muito raro de ser encontrado… Existem alguns à venda, é verdade, e muito gostosos por sinal, porém não estão em todo supermercado e são bem mais caros.

Imagino que todos esses outros ingredientes são adicionados ao bom e velho iogurte para realçar sabor/aroma/textura e outros truques da indústria alimentícia, além de diminuir os custos da produção. E assim, a lista de ingredientes de um iogurte ganha vários aditivos não tão bem-vindos, tais como espessantes, corantes, aromatizantes, conservadores, gomas, amido, xarope de açúcar, edulcorantes (adoçantes), etc.

Como então conseguir um iogurte gostoso e saudável sem aditivos químicos?

É verdade que encontramos no supermercados alguns iogurtes chamados “naturais” (seja integral ou desnatado) que contêm apenas leite e fermento lácteo. Acho que são a exceção nas geladeiras do mercado e realmente são produtos de qualidade nutricional superior.

Minha querida e falecida avó também fazia uma coalhada caseira muito gostosa, mas dava um trabalhão.

E assim, quando eu já estava quase desistindo de tomar regularmente iogurte, aprendi um jeito fácil de ter em casa iogurtes divinos e sem nada de aditivos! E quem me ensinou foi uma amiga querida que, após uma temporada na França, veio determinada a fazer seu próprio iogurte ao melhor estilo francês. Diga-se de passagem, ela simplesmente é a professora de nutrição que mais me ensinou (e continua ensinando) a ser nutricionista, a Profa. Dra Patrícia Campos.

Segui as dicas dela e compartilho aqui com vocês os passos para ter em casa iogurtes de excelente qualidade e com um custo bastante inferior a qualquer outro do mercado.

O primeiro passo é adquirir uma iogurteira. Elas ajudam a controlar melhor a temperatura e você terá menos trabalho e sujeira. Existem vários modelos, você pode comprar via internet e algumas custam menos de cem reais.

O segundo passo é escolher cuidadosamente a matéria-prima que você usará para produzir seu iogurte e provar as melhores combinações para agradar o seu paladar:

• Colocar na iogurteira 1 litro de um bom leite (leia a lista de ingredientes do leite que for comprar e prefira aqueles sem aditivos químicos, por exemplo de garrafa tipo leite fresco tipo A ou tipo Leitíssimo) e de preferência integral que dará um iogurte mais sedoso e com uma textura cremosa.
• Agregar um potinho de iogurte natural integral que só contenha leite e fermento lácteo (170g), misturando suavemente com uma colher.
• Adicionar 1 colher (de sopa cheia) de leite em pó, que ajudará a ter um iogurte com consistência mais firme.
• Aguardar 8 a 12 horas com a iogurteira ligada.
• Levar para a geladeira para gelar antes de servir.

Pronto! Seu próprio iogurte está pronto. Pessoalmente, gosto mais dos iogurtes integrais pela cremosidade e também pela saciedade que dão, mas se você tem restrição à gordura do leite ou prefere uma versão mais leve, pode provar as opções a partir de leite semi-desnatado ou desnatado. Só não dá para fazer iogurte a partir de leite sem  lactose.

Escolha uns potinhos pequenos e charmosos para guardar na geladeira e facilitar na hora de servir. Mas escolha uns potinhos bonitos e pequenos. O prazer de comer e a saciedade têm mais a ver com o visual do que você imagina! Veja esses que encontrei, a porção é de cerca de 120g e com pratinhos que servem como tampas:

Tomara que você goste tanto do sabor que nem precise adoçar. Mas, se mesmo assim preferir mais docinho, coloque um fiozinho de mel de abelhas ou uma colher de açúcar (se possível, orgânico). É muito provável que você use bem menos açúcar do que a indústria colocaria. E você não usará o tal “xarope de açúcar” que a indústria tanto usa e abusa, um dos piores ingredientes para o nosso metabolismo.

O legal também é preparar os diferentes sabores, frozen yogurt, sobremesas ou estrogonofe a base de iogurte… Por exemplo, você pode usar polpa de frutas congeladas ou a fruta mesmo, in natura. Veja esse de frutas vermelhas e ao lado o de mirtilos (blueberry) que fiz em casa. Ficaram divinos!

E uma última dica: se você bater no liquidificador ou no mix, o iogurte ficará líquido totalmente. Se você deseja comer com colher, é melhor bater a fruta sozinha (use o modo de “quebrar gelo” do liquidificador com as polpas congeladas) e depois misturar ao iogurte suavemente com a colher. As crianças vão adorar!

Bom apetite!