Seu filho bebe suficiente água?

Seu filho bebe suficiente água?

Um recente estudo de Harvard avaliou mais de 4000 crianças e adolescentes e observou que mais da metade delas está desidratada, provavelmente pelo simples fato de não beberem suficiente água ao longo do dia. E você, constuma tomar água e oferecer água para as crianças?

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Sabemos que uma desidratação severa, geralmente associada a diarréia e vômitos, pode ser gravíssima. Mas você sabia que mesmo uma desidratação leve, dessas que quase não percebemos, pode causar dores de cabeça, irritabilidade, cãibras, prisão de ventre, cansaço e fadiga física e mental? As crianças por exemplo podem até ter o desempenho escolar prejudicado por estarem tomando pouca água ao longo do dia.

O corpo precisa de água para funcionar direito. A hidratação adequada fortalece as defesas do nosso sistema imune e ajuda na boa digestão e absorção dos nutrientes. A água é vital para nossos músculos terem força e até mesmo para o nosso cérebro pensar melhor. A água em quantidade certa permite o nosso sistema circulatório funcionar perfeitamente, assim como o nosso metabolismo, a regulação da temperatura corporal e a remoção das toxinas pelos rins, evitando pedras e infecções urinárias.

No consultório vemos muitas crianças que não aprenderam ainda a tomar água. Tomam sucos, chás, leites ou até mesmo refrigerantes ou sucos artificiais. Mas água que é bom, quase nada… No estudo de Harvard, os pesquisadores observaram que uma em cada quatro  crianças não toma nada de água durante o dia! Isso certamente está prejudicando tanto a saúde física como mental das crianças. Incentivar crianças a tomar água é fundamental! É parte da boa formação de hábitos saudáveis.

Mas quanto uma criança deve beber de água? Isso varia muito, dependendo da idade, do clima, da atividade física que a criança realiza, por exemplo. Via de regra, devemos confiar na sensação de sede da criança, porém muitas vezes a criança está brincando distraída e acha que não está com sede, até que alguém oferece água e finalmente ela percebe que estava mesmo morrendo de sede! Por isso, oferecer várias vezes ao dia ajuda muito a melhorar a hidratação.

Baseada em recomendações nacionais e internacionais, proponho o seguinte esquema de acordo com a idade da criança:

  • Bebês de 6 meses a 2 anos de idade: oferecer água 5 vezes ao dia, aproximadamente. Consumo de cerca de 30 a 60 mL por vez.
  • Crianças de 2 a 5 anos de idade: oferecer água 6 a 8 vezes ao dia, aproximadamente. Consumo de cerca de 100 a 150 mL por vez.
  • Crianças maiores e adolescentes: 6 a 8 vezes ao dia, aproximadamente. Consumo de cerca de 200 a 300 mL por vez.
  • Adultos: 8 a 10 vezes ao dia, aproximadamente. Consumo de cerca de 200 a 300 mL por vez.

Bebês de até 6 meses de idade que mamam no peito já recebem toda a água que precisam no leite materno. A partir dos seis meses de vida, com a introdução dos alimentos, já precisam tomar água para ajudar no funcionamento dos rins e do sistema digestivo. Mas alguns bebês ainda não tomam muita água. Oferecemos várias vezes e confiamos na sensação de sede do bebê. Se ele estiver precisando de água, vai aceitar.

Para crianças maiores que não foram incentivadas a tomar água desde bebês, talvez precisemos de ideias criativas no começo para ir aos poucos ensinando o quanto é gostoso beber água. Criança adora cores: um copo de água bonito e transparente com 2 ou 3 rodelas de suas frutas preferidas, ou com morangos inteiros já é um estímulo. Usar cubos de gelos coloridos feitos de sucos naturais (manga, melancia, laranja, kiwi) em copos de água também é bem legal. Chás de ervas como camomila, cidreira, erva-doce também são uma opção, preferindo usar sem açúcar, para a criança ir aprendendo o sabor natural dos alimentos e não apenas o paladar doce.

A água que devemos oferecer é a água filtrada de casa, desde que o filtro tenha uma manutenção adequada. Não precisa ser água especial, mineral nem nada muito complicado ou caro.

Ufa, que sede!

Referência:

Kenney EL et al. Prevalence of Inadequate Hydration Among US Children and Disparities by Gender and Race/Ethnicity: National Health and Nutrition Examination Survey, 2009–2012. American Journal of Public Health: August 2015, Vol. 105, No. 8, pp. e113-e118. doi: 10.2105/AJPH.2015.302572