Os perigos da monotonia alimentar

Os perigos da monotonia alimentar

Você já percebeu que com o passar do tempo acabamos cozinhando as mesmas receitas, comprando os mesmos produtos, escolhendo os mesmos pratos nos mesmos restaurantes e comendo sempre a mesma coisa?

É claro que buscamos comer o que gostamos, nos faz bem ou se adéqua melhor a nossa rotina. Mas a monotonia alimentar, ou seja, comer sempre os mesmos alimentos, é uma grande inimiga da alimentação saudável.

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Primeiro, porque cada alimento é fonte de determinados nutrientes, e ao comer sempre os mesmos alimentos acabamos predispostos a ter mais déficits nutricionais. Isso vale especialmente para várias vitaminas e minerais que ficam faltando na nossa alimentação diária, causando doenças sérias como a anemia.

Por outro lado, corremos mais riscos do organismo ter que enfrentar exageros de outros nutrientes e sofrer problemas como colesterol alto, diabetes, triglicérides elevado, hipertensão, etc.

Em terceiro lugar, a monotonia alimentar nos predispõe a exageros ou a comportamentos alimentares mais ansiosos ou vorazes, para não dizer compulsivos mesmo. Vou explicar melhor:

Se a comida é sempre aquela mesmice, quando estamos diante de oportunidades de comer coisas novas ou diferentes, acabamos ignorando nossos sinais físicos de fome e saciedade, e comendo motivados apenas pela circunstância.

Sabe aquela rotina de segunda a sexta, que acabamos seguindo diariamente pela praticidade ou falta de tempo ou ideias? Ou seguir aquela dieta X ou Y que alguém nos passou… Tomamos aquele mesmo café da manhã, os mesmos almoços com mínimas variações e o jantar padrão… E depois cometemos aqueles exageros ou extravagâncias nos finais de semana?

Os lanches fora de casa, os finais de semana em restaurantes diferentes ou refeições na casa de familiares e amigos, festas e celebrações acabam sendo situações de risco para perdermos a conexão com nosso corpo e comermos motivados apenas pelo ambiente ou circunstância.

E o que há de errado nisso? Essa atitude alimentar nos predispõe a grandes oscilações de peso, bagunçando nosso metabolismo e causando problemas tanto físicos (desconforto gastrointestinal e refluxo, por exemplo) como emocionais (culpa, baixa autoestima, insatisfação com o próprio corpo e peso, reações depressivas, ciclos de restrição alimentar/dietas alternados com compulsão ou sensação de descontrole, entre outros).

O prazer no dia-a-dia alimentar é um componente vital da saúde. E a monotonia alimentar vai ao longo do tempo minando nosso bem-estar.

E os perigos da monotonia alimentar valem para nós, adultos, e até para crianças de apenas 1 ano de idade que vejo com frequência no consultório: crianças que comem sempre os mesmos alimentos oferecidos e que desenvolvem carências nutricionais, manias e recusas alimentares que deixam qualquer mãe de cabelos em pé!

Vou deixar aqui algumas ideias práticas que podem ajudar na criatividade:

– O arroz integral de sempre pode variar com cenoura, açafrão, brócolis, passas, nozes, lentilhas, etc

– Cansado daqueles mesmos legumes cozidos com cara de comida de hospital? Varie a forma de preparo: no vapor (eles ficam mais suculentos, com mais vitaminas e “al dente”); assados cortados em palitinhos, com azeite e uma pitadinha de alecrim e sal grosso; grelhados numa frigideira/chapa de ferro no fogo quente e com um molhinho a base de limão e mostarda, etc.

– O purê pode ser feito com as cascas da batata (bem mais nutritivo) e de outros tubérculos como mandioquinha, inhame, batata-doce, mandioca… E os lindos purês cor de laranja, como de cenoura e abóbora, sem precisar adicionar manteiga em nenhum deles.

– Esses mesmos legumes e tubérculos podem ser assados cortados bem fininhos, feito “chips” no forno quente e com um fio de azeite. Ficam crocantes e é uma delícia.

– Em casa cozinhamos sempre feijão carioca? Que tal fazer feijão preto de vez em quando, ou o feijão adzuki, ou uma salada de feijão fradinho? E outras leguminosas (preparamos como o feijão ou podemos inventar em saladas com vinagrete ou sopas cremosas, e sem precisar de creme de leite): lentilhas, grão de bico, ervilhas por exemplo.

– Varie também os lanchinhos que você faz ao longo do dia: diferentes frutas, nuts (amêndoas, avelãs, castanha do Pará, de caju, nozes, nozes-pecán, pistaches, em pequenas quantidades), frutas secas…

– Procure também variar os estabelecimentos que você costuma comprar comida: algumas semanas tente ir a feira, alterne os supermercados que você faz compras, visite alguns hortifrutis… Cada um deles pode ter diferentes alimentos ou até o mesmo alimento com diferentes qualidades. Você vai se surpreender!

E a regra de comer um prato bem colorido e bonito ainda vale, pois cada cor pode significar determinado nutriente, e assim a chance de você comer todos os nutrientes que precisa e com prazer aumenta consideravelmente!

Bom apetite!